quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Carta ao Prefeito de Porto Alegre : Massa crítica e a luta para uma cidade melhor

Eu apoio essa ideia, e você?
Vamos divulgar, espalhar a ideia.
Queremos e merecemos cidades melhores, mais agradáveis para se viver. Basta ver exemplos como Holanda, Alemanha e outros que incentivam o uso da bicicleta, é bom para a cidade, para o meio-ambiente e para a saúde das pessoas.
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Massa crítica é um site voltado à defesa do direito do cidadão pelo uso da bicicleta, pois hoje as cidades brasileiras não oferecem estrutura para isso. Ou seja, só se constroem avenidas, pontes e viadutos (obras milionárias) e nunca se tem dinheiro para construir ciclovias. Site: http://www.massacriticapoa.wordpress.com/

Carta ao Prefeito de Porto Alegre
Publicado em dezembro 5, 2010
por Marcelo
Sugestão de carta para entregarmos ao prefeito durante a manifestação de segunda-feira, dia 06/12:

Porto Alegre, 06 de dezembro de 2010.

Sr. Prefeito,

Damos total apoio à sanção do projeto da Semana de Combate à Violência no Trânsito e gostaríamos de aproveitar a oportunidade para mostrar-lhe nosso ponto de vista e, por que não, darmos algumas sugestões de atividades para a campanha.

Não há como negar, carro é uma arma. Por ano, no Brasil morrem cerca de 40 mil pessoas vítimas do trânsito e mais centenas de milhares são gravemente feridas ou mutiladas para toda a vida. É mais do que muita guerra mata. Acreditamos que a principal maneira de prevenir acidentes é reduzindo o número de automóveis que circulam pela nossa cidade. A matemática é bem simples, quanto mais carros estiverem circulando nas ruas, maior é a probabilidade de um acidente acontecer. E, quando temos uma tonelada de metal, se deslocando em zonas altamente povoadas a 30, 40, 60, até mesmo 80km/h, as chances desse acidente ser fatal são elevadíssimas.

Por isso queremos que durante a Semana de Combate à Violência no Trânsito, e por que não durante o ano todo, o senhor invista prioritariamente em políticas que incentivem o uso de bicicletas e do transporte público. Pois cada bicicleta é um carro a menos nas ruas, e cada ônibus são 40 carros a menos!

Outra maneira de se diminuir a gravidade dos acidentes é limitando ainda mais a velocidade dos veículos. Isso pode ser feito de diversas formas: barreiras físicas (lombadas), mais controladores eletrônicos de velocidade, fiscalização mais intensiva e, talvez o mais importante, um planejamento urbano que não incentive nem permita a alta velocidade dentro dos limites da nossa cidade. Todos sabemos que vias mais largas incentivam o motorista a ir mais rápido, enquanto que vias mais estreitas, com calçadas mais largas, desestimulam o motorista apressado. Uma técnica muito simples e barata, utilizada na Europa e até no nosso vizinho Uruguai, é o alargamento das calçadas nas esquinas, justamente na área onde é proibido que os carros estacionem. Desta forma o pedestre tem mais segurança para atravessar a rua e os carros têm que reduzir mais a velocidade ao fazer a conversão, dando mais segurança a todos; e de quebra ainda ganhamos mais espaço público, onde podem ser instalados bancos e jardins.

O senhor provavelmente já ouviu falar também das chamadas Zonas 30. Zonas residenciais onde a velocidade máxima permitida é 30km/h. Esse movimento começou no exterior e agora até mesmo o Rio de Janeiro já vem criando, com sucesso, as Zonas 30. Por que não as implementamos aqui em Porto Alegre?

Por falar no Rio de Janeiro, o senhor sabia que agora na Lapa, à noite, a circulação de carros é proibida? A Lapa é uma zona boêmia, por onde circulam muitos pedestres à noite. A proibição da circulação de carros deixou a zona mais agradável, com mais espaço para os pedestres e mesmo para os bares colocarem suas mesas. Ao transformar essas ruas em ruas para pedestres à noite, o ato de sair de carro para beber também é desestimulado, teremos menos motoristas bêbados na rua. Imagine só as ruas Lima e Silva, da República e João Alfredo, sem carros à noite, ou até mesmo a Padre Chagas! Cheias de mesas na calçada e pedestres andando tranquilamente pela rua, sem precisarem se espremer pelas calçadas.

Acreditamos também que a gradual substituição do atual transporte coletivo por um movido a eletricidade, só trará benefícios. Além dos óbvios benefícios ambientais, por ser mais eficiente, os veículos elétricos emitem menos ruído, e como todos sabemos a poluição sonora é geradora de estresse, que por sua vez gera violência. Existem modelos mais modernos de trólebus (ônibus elétricos) que não necessitam de rede elétrica aérea.

Entregamos essa carta para o senhor pois acreditamos que uma cidade mais humana, mais agradável, mais segura, é possível. E que para torná-la realidade, não precisamos de obras faraônicas, de viadutos de milhões de reais, pelo contrário, quanto mais investirmos em vias para automóveis mais estaremos incentivando as pessoas a utilizá-los. O que precisamos são de políticas simples, eficientes, que outras cidades já mostraram que funcionam. Contamos com o senhor para nos ajudar a criar uma Porto Alegre para as pessoas.

Sinceramente,

Pedestres, ciclistas, passageiros de ônibus e até mesmo motoristas que querem uma cidade mais humana.

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