sexta-feira, 19 de junho de 2009

Adoro a Martha Medeiros

Ontem, ou melhor hoje, afinal depois da meia-noite é hoje, tive mais uma insônia para piorar as minhas olheiras. E como é de costume, quando não consigo dormir, pego um livro de cabeceira. Ainda bem que era o da Martha Medeiros, pois a leitura sempre me ajuda.
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O problema é que o livro era o Montanha Russa, com crônicas de rir e chorar, dependendo do seu estado de espírito. Pois é, eu ri e chorei. Espantei de vez o sono. Aproveitei para refletir e fiz isso até muito tarde, mas valeu, ao menos li muita coisa boa. Não concordei com todas as suas ideias, porém em grande parte, pude confirmar o que já sabia, penso muito parecido com ela. Martha é genial.
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Li uma que não concordei nem um pouco: “Salvem as vogais”. Conversar utilizando a internet é uma coisa complicada, é muito chato quando “falamos” algo e a outra pessoa demora uma vida para responder, não dá para saber se ela não está concordando conosco e resolveu pensar numa boa resposta, se ficou chateada, se está conversando com mais umas mil pessoas no MSN ou o quê. Fato é que tirar as vogais das palavras para simplificar a comunicação virtual é para facilitar e agilizar o processo de conversação. Ninguém vai depois sair escrevendo uma crônica, um documento ou um livro sem elas. Claro que não.
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Em compensação li várias outras que adorei: Borboletas, Brincando de sofrer, Tirania familiar, Nossos velhos, Felicidade realista, Falhas, A idade da água quente etc. Esta última achei muito engraçada. A verdade é que descobri que também estou na idade da água quente. Passando pelos legumes do supermercado, deu uma vontade enorme de comer uma sopinha bem quentinha, tava um friozinho gostoso e uma água quentinha pareceu-me perfeita. Quanto a chás, tomo-os seguidamente, principalmente antes de dormir, e olha que eu devo ter uns dez anos a menos que a autora e, como ela, também me considero jovem. Acho que também estou envelhecendo. Que coisa, como a vida é estranha. Quando eu era adolescente também odiava sopa e qualquer coisa diferente de refri era sem graça. Agora, o chá é saboroso.
Pati.

domingo, 7 de junho de 2009

O império da vaidade




Eco e Narciso - 1903 de John Willian Waterhouse





Em tempos de ditadura da beleza, o corpo é massacrado pela indústria e pelo comércio, que vivem da nossa insegurança, impotência e angústia.
PAULO MOREIRA LEITE

Você sabe por que a televisão, a publicidade, o cinema e os jornais defendem os músculos torneados, as vitaminas milagrosas, as modelos longilíneas e as academias de ginástica? Porque tudo isso dá dinheiro. Sabe por que ninguém fala do afeto e do respeito entre duas pessoas comuns, mesmo meio gordas, um pouco feias, que fazem piquenique na praia? Porque isso não dá dinheiro para os negociantes, mas dá prazer para os participantes.
O prazer é físico, independentemente do físico que se tenha: namorar, tomar milk-shake, sentir o sol na pele, carregar o filho no colo, andar descalço, ficar em casa sem fazer nada. Os melhores prazeres são de graça, a conversa com o amigo, o cheiro do jasmim, a rua vazia de madrugada, e a humanidade sempre gostou de conviver com eles. Comer uma feijoada com amigos, tomar caipirinha no sábado também é uma grande pedida. Ter um momento de prazer é compensar muitos momentos de desprazer. Relaxar, descansar, despreocupar-se, desligar-se da competição, da áspera luta pela vida, isso é prazer.
Mas vivemos num mundo onde relaxar e desligar-se se tornou um problema. O prazer gratuito, espontâneo, está cada vez mais difícil. O que importa, o que vale, é o prazer que se compra e se exibe, o que não deixa de ser um aspecto da competição. Estamos submetidos a uma cultura atroz, que quer fazer-nos infelizes, ansiosos, neuróticos. As filhas precisam ser Xuxas, as namoradas precisam ser modelos que desfilam em Paris, os homens não podem assumir sua idade.
Não vivemos a ditadura do corpo, mas seu contrário: um massacre da indústria e do comércio. Querem que sintamos culpa quando nossa silhueta fica um pouco mais gorda, não porque querem que sejamos mais saudáveis, mas porque, senão ficarmos angustiados, não faremos mais regimes, não compraremos mais produtos dietéticos, nem produtos de beleza, nem roupas e mais roupas. Precisam da nossa impotência, da nossa insegurança, da nossa angústia.
O único valor coerente que essa cultura apresenta é o narcisismo. Vivemos voltados para dentro, à procura de mundos interiores (ou mesmo vidas anteriores). O esoterismo não acaba nunca, só muda de papa a cada Bienal do Livro, assim como os cursos de autoconhecimento, auto-realização e, especialmente, autopromoção. O nascisismo explica nossa ânsia pela fama e pela posição social. É hipocrisia dizer que entramos numa academia de ginástica porque estamos preocupados com a saúde. Se fosse assim, já teríamos arrumado uma solução para questões mais graves, como a poluição que arrebenta os pulmões, o barulho das grandes cidades, a falta de saneamento.
Estamos preocupados em marcar a diferença, em afirmar uma hierarquia social, em ser distintos da massa. O cidadão que passa o dia à frente do espelho, medindo o bíceps e comparando o tórax com o vizinho do lado, é uma pessoa movida por uma necessidade desesperada, precisa ser admirado para conseguir gostar de si próprio. A mulher que faz da luta contra os cabelos brancos e as rugas seu maior projeto de vida tornou-se a vítima preferencial de um massacre perpetrado pela indústria de cosméticos. Como foi demonstrado pela feminista americana Naomi Wolf, o segredo da indústria da boa forma é que as pessoas nunca ficam em boa forma: os métodos de rejuvenescimento não impedem o envelhecimento. 90% das pessoas que fazem regime voltam a engordar, e assim por diante. O que se vende não é um sonho, mas um fracasso, uma angústia, uma derrota.
Estamos atrás de uma beleza frenética, de um padrão externo, fabricado, que não é neutro nem inocente. Ao longo dos séculos, a beleza sempre esteve associada ao ócio. As mulheres do renascimento tinham aquelas formas porque isso mostrava que elas não trabalhavam. As belas personagens femininas do romantismo brasileiro sempre tinham a pele branca, alabastrina, qualquer tom mais moreno, como se sabe, já significava escravidão e trabalho. Beleza é luta de classes. Estamos na fase da beleza ostentatória, que faz questão de mostrar o dinheiro, o tempo livre para passar tardes em academias e mostra, afinal, quem nós somos: bonitos, ricos e dignos de ser admirados.

Artigo publicado na revista Veja de 23 de agosto de 1995 .



Adorei o texto do Paulo Leite. E pensando nesse assunto, acrescento os sonhos vendidos pela MÍDIA.

*Será que alguém consegue dormir sem ter:

- Um rosto como a da Angelina Jolie, ou se for homem, não ter o do Jude Law?

- Sem ter um super carro do ano?

- Um perfume importado da moda?

- Um super apartamento? Mesmo que pra isso eu tenha que me endividar, passar a vida inteira preocupada, trabalhando exaustivamente pra poder pagar a fatura, deixando de curtir uma porção de coisas que realmente importam? Sei não...

Oh, meu Deus, como eu posso viver com tão pouco...

Pati.


Intertextualidade e dialogismo de Dali e Velazquez


Velazquez ***********************************Salvador Dali















Eu já havia comentado sobre a obra de Velazquez (à esq.), "La familia de Felipe IV" de 1656, mais conhecido como "As meninas", obra mais famosa do pintor.
Por outro lado, dialogando com a obra de Velazquez temos Salvador Dali com "A Pérola" de 1981 (à direita).
É como se Salvador estivesse comentando, dialogando sobre a filha do rei Felipe, de como a menina tem a beleza, a delicadeza e perfeição de uma pérola, jóia rara. E não deixa de ter intextualidade, pois dizemos que isso ocorre quando temos um texto dentro de outro texto, nesse caso temos uma obra dentro de outra obra.
Pati

sábado, 6 de junho de 2009

Falta tanto

Tem algumas coisas que incomodam muito a gente, como:

- A falta de educação e a falta de gentileza das pessoas, umas com as outras (ex: Nunca param para o pedestre; motoristas que passam pela direita só pra não ficar na fila do engarrafamento; pessoas que furam fila; pessoas que, se por acaso você esbarrar nelas, você pede desculpa, e ela olha você com cara de nojo; são só alguns exemplos, tem muito mais);
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- A falta de ética de profissionais (ex: médicos que juraram cuidar, salvar vidas, e depois, alguns, nos tratam de forma arrogante, ou pior, displicente. Alguns, obviamente que nem todos, se consideram semi-deuses, desconsideram qualquer informação e experiência do paciente, não lhe escuta, sem contar, que em alguns casos, nem lhe toca para fazer um diagnóstico);
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- A falta de ética de alguns políticos (ex: todos estamos cansados de saber que muitos de nossos políticos só estão lá com o intuito de se beneficiarem, quando, na verdade, deveriam estar no poder para lutar pelo coletivo, pela sociedade, é uma pena. É tanta a falta de confiança nos nossos governantes que, essa história da copa ser sediada pelo Brasil e terem que construir estádios, já dá pano pra manga, afinal, quanto custa a construção de um estádio inteiro e mais um complexo todo ao seu redor? Quanto pode ser facilmente desviado? São apenas ilações, mas que, infelizmente são perfeitamente possíveis);
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- A violência contra crianças (ex: não to falando só em bater, isso todo mundo sabe que é um absurdo, é desumano e covarde, to falando em violência moral também, pois uma criança que é humilhada, desmotivada e menosprezada pode ser transformada. Ou seja, se disser que uma criança é "burra", que ela não aprende nada, ela vai acreditar nisso e vai ter uma auto-estima baixa, portanto acabaram de transformar uma criança, fazendo com que ela não acredite em si mesma) O pior é que esse mal é cometido sem que, quem o cometa, se dê conta, às vezes essas mesmas pessoas se consideram bons pais, bons educadores etc.
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- A falta de dignidade ao professor (ex: que o professor ganha mal, todo mundo sabe, mas só quem vive um pouco a experiência de ser professor é que entende como é difícil encarar essa profissão. Não é só o salário, tem também outro problema, o professor trabalha excessivamente. Além das horas na escola, ele tem que trabalhar em casa, aos finais de semana e feriados, para poder dar conta de tanta coisa que tem que fazer. São inúmeros trabalhos e provas pra corrigir. Eu vivi essa situação, e fiquei "apavorada"!) Os pais não têm noção do que passam os professores de seus filhos.
Depois eu continuo esse assunto, por enquanto é isto.

Pati